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Vias Lacrimais

Lacrimejamento excessivo e secreção ocular são os sintomas mais comumente associados às alterações que comprometem a via de drenagem lacrimal. 













O filme lacrimal é naturalmente composto pelas camadas aquosa, lipídica e mucosa, sendo produzido pelas glândulas lacrimais principais e acessórias. A produção da lágrima ocorre tanto de maneira basal como de forma reflexa, sendo essa dependente de um fator estimulante como luz, riso, vômitos, entre outros.

A função do filme lacrimal é bastante ampla, englobando desde a lubrificação e proteção ocular, até a oxigenação da córnea e a refração ocular, mecanismo pelo qual os raios de luz são projetados para a retina possibilitando a formação da imagem. 

O lacrimejamento excessivo pode estar relacionado a fatores da superfície ocular (como irritantes exógenos, processos alérgicos, conjuntivites infecciosas, lesões no epitélio corneano, ressecamento ocular, blefarite, etc); ou a alterações que impossibilitem a correta drenagem da lágrima para a cavidade nasal (as chamadas obstruções do aparelho lacrimal).















A via lacrimal é constituída por diversas porções, que podem ser afetadas por diferentes patologias. A lágrima é inicialmente drenada através do ponto lacrimal superior e inferior, passando pelos canalículos, saco lacrimal e atingindo a cavidade nasal e orofaringe pelo ducto lacrimonasal. 

Qualquer alteração que acometa a via de drenagem, pode levar ao quadro de lacrimejamento excessivo, o que além de ser uma causa importante de incômodo e transtornos ao paciente; pode evoluir com complicações mais graves, como infecções e abscessos, a depender da região acometida. 

As obstruções mais comuns da via lacrimal podem ocorrer por oclusão do ponto lacrimal, infecções canaliculares, estenose ou lesão dos ductos, tumores do saco lacrimal ou invasão por tumores adjacentes, traumas ou falhas no desenvolvimento completo da via lacrimal (as chamadas obstruções congênitas).

Além das obstruções que acometem a via lacrimal propriamente dita, existem ainda as obstruções funcionais, que levam as alterações indiretas no processo de drenagem e estão relacionadas principalmente à perda do tônus e a um déficit de contração dos músculos que envolvem e via lacrimal e funcionam como um mecanismo de bomba, impulsionando a lágrima até os canalículos, saco e ducto. 

O diagnóstico correto dos casos de epífora, envolve um exame oftalmológico completo e minucioso, com posterior avaliação da via lacrimal propriamente dita, com sondagem e irrigação, que podem ser realizados no consultório oftalmológico com o uso de anestésicos tópicos. Exames adicionais como a dacriocistografia e exames de imagem da região periorbital (como tomografia e ressonância magnética), podem ser necessários para diagnóstico diferencial e planejamento terapêutico. 

O tratamento das obstruções da via lacrimal é, na maioria das vezes, cirúrgico e é realizado pelo cirurgião oculoplástico. Ele envolve desde sondagem e intubação da via lacrimal (colocação de um dispositivo de silicone para manter a permeabilidade da via após sua desobstrução) até cirurgias como dacriocistorrinostomia (em que é feita uma janela óssea para comunicação da via lacrimal com a cavidade nasal nos casos de obstruções baixas), plastia do ponto lacrimal estenosado, reconstrução canalicular em casos de lacerações e traumas, exérese de tumores na topografia da via de drenagem e até procedimentos não cirúrgicos como injeção de toxina botulínica na glândula lacrimal para diminuição de sua produção em alguns casos específicos.  

A correta e minuciosa avaliação da via de drenagem e identificação das causas e patologias eventualmente associadas à obstrução são, dessa forma, fundamentais para a definição da melhor terapêutica a ser realizada e o para o sucesso no tratamento de cada caso.






 

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© 2021 por Felipe Arce Boiarski

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